A corrida eleitoral em Araruama ganhou um novo capítulo de polêmica com a candidatura da vereadora Penha Bernardes à prefeitura, especialmente após seu alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora Penha tenha sido filiada ao PL com o apoio direto de líderes como Altineu Cortes e Valdemar Costa Neto, seu histórico político e suas alianças familiares têm gerado desconforto entre os apoiadores mais fiéis do bolsonarismo na cidade.
Penha Bernardes, conhecida por sua atuação na Câmara Municipal, nunca foi vista como uma representante da direita. Pelo contrário, seu posicionamento ideológico sempre esteve mais próximo da esquerda. Em diversas ocasiões, Penha manifestou apoio ao presidente Lula, chegando a fazer discursos contrários às medidas do governo Bolsonaro durante a pandemia. Ela foi flagrada em fotos fazendo o gesto da letra “L” com a mão, símbolo amplamente utilizado pelos apoiadores de Lula, o que reforça suas convicções ideológicas de esquerda.
A situação se complicou ainda mais quando o portal CIC7 Notícias revelou que André Luiz Bernardes, primo de Penha e coordenador de sua campanha, é filiado ao PT desde 2011, onde é presidente. Essa revelação levantou suspeitas sobre as reais intenções de Penha ao se filiar ao PL e buscar o apoio de Bolsonaro, alimentando as acusações de que ela seria uma “bolsonarista de oportunismo”.
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Além disso, outro fator que acirra as críticas é a filiação da irmã de Penha, a conselheira tutelar Maria Aparecida Bernardes, conhecida como Cida, ao PCdoB em abril deste ano. Essa ligação familiar com partidos de esquerda tem gerado incômodo entre os bolsonaristas de Araruama, que agora veem Penha como uma oportunista, disposta a utilizar a imagem de Bolsonaro para alcançar seus objetivos eleitorais.
O descontentamento na base bolsonarista de Araruama é evidente. Muitos acreditam que Bolsonaro está sendo “enganado” e que sua aliança com Penha Bernardes foi um erro articulado por figuras como Altineu Cortes e Valdemar Costa Neto. Essa insatisfação faz ecoar os rumores de bastidores de que Penha pode permanecer no PL, mas sem o apoio de Bolsonaro, um cenário semelhante ao que aconteceu em Búzios, onde a família Bolsonaro optou por apoiar a reeleição do prefeito Alexandre Martins, deixando de lado o candidato do PL, Rafael Aguiar.
Com a candidatura de Penha Bernardes cercada por controvérsias e divisões internas, o cenário político em Araruama promete ser um dos mais acirrados e imprevisíveis das eleições municipais de 2024. A dúvida que paira sobre os eleitores bolsonaristas é: até que ponto Penha Bernardes está comprometida com os ideais de Bolsonaro e até que ponto sua candidatura é uma jogada estratégica de sobrevivência política?