Embora a computação quântica ainda pareça um conceito futurista, seus avanços já estão impactando a realidade atual e moldando o futuro da tecnologia. Um marco inédito foi atingido por cientistas do Departamento de Física da Universidade de Oxford, que conseguiram demonstrar, pela primeira vez, a computação quântica distribuída – o que pode ser descrito como um verdadeiro teletransporte de informações.
Teletransporte quântico: um novo modelo de processamento
Utilizando uma interface de rede fotônica, os pesquisadores conectaram dois processadores quânticos independentes, formando um sistema único e interligado. Essa abordagem promete solucionar desafios computacionais antes considerados impossíveis, permitindo a realização de cálculos extremamente complexos por meio da distribuição da carga de processamento.
A tecnologia baseia-se no emaranhamento quântico, fenômeno no qual duas partículas compartilham um estado único, independentemente da distância entre elas. Assim, uma informação pode ser instantaneamente transferida de uma partícula para outra sem que haja deslocamento físico. Para viabilizar essa conexão, os cientistas utilizaram qubits de íons presos interligados por fibras ópticas, garantindo que os dados fossem transmitidos por meio de fótons sem perda de integridade.
Testes com sucesso e impactos para a internet quântica
Nos experimentos, os pesquisadores testaram a tecnologia em uma rede de 30 km de fibra óptica, conseguindo transmitir informações quânticas simultaneamente ao tráfego convencional de internet. Graças ao uso de comprimentos de onda menos congestionados e filtros específicos, as transmissões ocorreram sem interferências, provando que redes quânticas podem operar sem necessidade de infraestrutura exclusiva.
Essa descoberta abre caminho para uma futura internet quântica, na qual processadores remotos poderão se conectar e operar em conjunto. Em paralelo, uma pesquisa conduzida por Prem Kumar, da Universidade Northwestern, reforçou que o teletransporte quântico pode ocorrer por cabos de fibra óptica convencionais, demonstrando que as redes tradicionais e quânticas podem coexistir na mesma estrutura.
“Pensávamos que integrar a comunicação quântica à internet existente seria inviável, mas provamos que é possível”, destacou Kumar. O estudo, publicado na revista Nature, marca um grande passo para a viabilização da computação quântica em larga escala, tornando-a mais acessível e próxima da realidade cotidiana.