A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) mantinha, ao longo de 2024, R$ 231 milhões aplicados no Banco Master, instituição liquidada extrajudicialmente pelo Banco Central na manhã desta terça-feira (18). Segundo fontes da estatal, o valor atualizado da aplicação — feita em um único CDB — chegaria a aproximadamente R$ 255 milhões. O presidente do banco, Daniel Vorcaro, foi preso na Operação Compliance Zero, da Polícia Federal.
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De acordo com o balanço financeiro de 31 de dezembro de 2024, o montante representava 8,4% de toda a carteira de investimentos da companhia, superando os volumes mantidos em bancos de grande porte, como Bradesco (R$ 178,7 milhões) e Banco do Brasil (R$ 128 milhões). A aplicação não tinha diversificação de risco: em caso de instabilidade da instituição, como ocorreu, os recursos ficariam bloqueados.

Cedae tentou resgatar recursos antes da liquidação
Antes da liquidação extrajudicial, a companhia tentou resgatar duas parcelas de R$ 20 milhões, totalizando R$ 40 milhões. No Fato Relevante divulgado ao mercado, a Cedae admitiu que o Master não realizou os pagamentos.

Com a medida do Banco Central, todos os desembolsos da instituição ficam suspensos, e a Cedae ingressará na fila de credores para tentar recuperar os valores. A estatal informou que avalia os impactos financeiros e seguirá atualizando seus investidores conforme exigências da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O Conselho de Administração já apontava, há cerca de um ano, o risco de concentração no Master. Ainda assim, as decisões de investimento mantiveram a exposição, apesar da política financeira recomendar aplicações de baixo risco e alta liquidez. O Master já havia apresentado sinais de dificuldade antes da intervenção.
Fraude de R$ 12,2 bilhões levou à queda do Banco Master
A liquidação do banco ocorreu no mesmo dia da prisão de Daniel Vorcaro. Segundo o Ministério Público Federal, o Banco Master vendeu ao Banco de Brasília (BRB) R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito inexistentes, usando documentos falsificados para justificar as operações. A Justiça afirma que o esquema inflava artificialmente o patrimônio da instituição, o que motivou a intervenção do Banco Central.
Rioprevidência também tem exposição relevante
A situação repercute em outro órgão estadual. O deputado Flávio Serafini (Psol) acionou o Ministério Público Federal para investigar a exposição do Rioprevidência ao conglomerado do Master. Segundo o Tribunal de Contas do Estado, o fundo possuía R$ 2,618 bilhões aplicados até julho. O TCE apontou concentração elevada, uso inadequado de recursos do Fundo Administrativo e baixa transparência, recomendando a proibição de novas aplicações.
