Os Correios enfrentam uma das crises mais graves de sua história e têm encontrado dificuldades para conseguir um empréstimo de R$ 10 bilhões, valor considerado essencial para manter o caixa da estatal, pagar dívidas e tentar reestruturar a empresa. A informação foi divulgada nesta semana, e a situação acendeu um alerta no governo federal.
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A primeira tentativa de captação, realizada com um consórcio de bancos, não avançou. Segundo a Folha de S.Paulo, as instituições financeiras exigiram juros considerados muito altos, o que elevaria o custo anual da operação para cerca de R$ 3 bilhões apenas em juros.
Diante do impasse, os Correios iniciaram uma nova rodada de negociações, agora ampliando o número de bancos consultados, com a expectativa de levantar o montante necessário em um prazo de 15 dias. O empréstimo faz parte de um pacote que inicialmente buscava R$ 20 bilhões com garantia do Tesouro Nacional.
Estatal acumula prejuízo bilionário desde 2022
A crise não é recente. A empresa registra resultados negativos sucessivos desde 2022. No primeiro semestre de 2025, o prejuízo acumulado ultrapassou R$ 4 bilhões. A receita da estatal despencou, com queda de aproximadamente R$ 1 bilhão na prestação de serviços.
Ao mesmo tempo, as despesas administrativas dispararam. Gastos com salários, precatórios e outras obrigações cresceram quase R$ 1,5 bilhão em comparação a 2024.
A situação se agravou ainda mais quando a estatal descumpriu cláusulas contratuais de um empréstimo anterior. Com o vencimento das exigências, os juros foram reajustados e um aditivo precisou ser assinado em condições desfavoráveis, aumentando as despesas em mais de R$ 40 milhões. A partir desta quinta-feira (20), existe o risco de bloqueio de recursos caso o impasse não seja resolvido.
Plano prevê demissão voluntária de 10 mil empregados
Como parte do Plano de Recuperação apresentado ao Tribunal de Contas da União (TCU), os Correios preveem a implementação de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) que pode reduzir o quadro em pelo menos 10 mil dos atuais 85 mil funcionários.
Especialistas apontam, porém, que o empréstimo, por si só, não garante a solução. O economista Armando Castelar, do FGV Ibre, afirma que a empresa precisa apresentar um plano mais robusto e detalhado de ajuste.
Segundo ele, “buscar o empréstimo antes de definir as medidas para eliminar o prejuízo dificulta a negociação. É necessário estabelecer metas, prazos e ações concretas para dar segurança ao mercado”.
Governo e Correios não comentam
Procurados, o Governo Federal e a direção dos Correios informaram que não irão se manifestar sobre o caso.
A estatal agora corre contra o tempo para garantir o financiamento e evitar novas penalidades contratuais, enquanto tenta viabilizar o plano que deve orientar os próximos passos da empresa.
